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  • Foto do escritorDamaris Schabuder

Introdução alimentar e nossa memória alimentar

É inegável a importância da presença e da participação da criança na cozinha.

A família tem a difícil tarefa de equilibrar a autonomia da criança nas suas escolhas alimentares, ou seja, até que ponto a criança pode escolher o quê ela quer comer e quando.

É comprovado cientificamente que nossa memória só registra os acontecimentos após os 3,4 anos. O que fica registrado antes desse período é registrado por códigos não linguísticos. Nós não nos lembramos de coisas que envolvam um conceito específico até entendê-los.

Não lembrar não significa que não seja importante, com menos de 1 ano acontece algo muito importante: nosso primeiro contato com os alimentos, a Introdução Alimentar. Nessa 1° etapa, a 1°infância (da gestação até os 6 anos) , a criança praticamente não tem autonomia alimentar.

O primeiro contato se chama INTRODUÇÃO, o que seria introduzir? Neste caso alguém estabelece o quê e quando esse bebê vai saborear pela primeira vez. De alguma forma esse bebê estará sendo instruído nos princípios básicos da alimentação ao mesmo tempo que uma verdadeira revolução vai estar acontecendo, milhares de conexões entre os neurônios vão estar sendo estimulados.

Não gosto muito da palavra INTRODUÇÃO pois ela pode trazer um pouco do sentido de IMPOSIÇÃO.

Na verdade isso acontece até mesmo na Introdução Alimentar, a imposição.

O início da nossa alimentação e que vai ser assim pro resto de nossas vidas, não podemos ignorar o alimento como SUJEITO nessa fase em que nosso cérebro mas se desenvolve em termos estruturais, onde todo o potencial de desenvolvimento da criança pode ser impulsionado e gerar impactos no destino dela.

Veja, a responsabilidade de quem está atuando nessa introdução mas do próprio alimento, um ciclo de ação e reação vai começar a partir das escolhas feitas nessa alimentação.

De acordo com o IBGE e Ministério da Saúde crianças antes dos 2 anos de idade estão consumindo bolos, biscoitos, sucos artificiais e refrigerantes. Se um adulto decide fazer consumo desses alimentos é decisão dele, mas uma criança comendo não, isto está sendo introduzido na alimentação dela.

O médico epidemiologista e cientista Cesar Victora é responsável por um projeto que acompanha 11 mil pessoas desde o útero até a vida adulta, um dos primeiros dados comprovados é a importância dos primeiros 1000 dias para a articulação de cada competência do ser humano, ou seja, é até os 2 anos de vida que muita coisa estará sendo determinada na vida dessa criança: se será um adulto produtivo, inteligente e até mesmo muitas doenças crônicas como hipertensão e o diabetes são determinadas, em parte, pelo desenvolvimento dos órgão da criança nesse período.

Cesar Victora é brasileiro, professor emérito da Universidade Federal de Pelotas.

Podemos não nos lembrar da nossa primeira refeição da vida mas ela causa muito impacto.

Uma consequência negativa que temos é a obesidade infantil, hoje considerada uma epidemia no Brasil. A OMS estima que a população infantil global obesa deve chegar em 2015 em 75 milhões.

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