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  • Foto do escritorDamaris Schabuder

Caminhar nos ajuda a pensar

Dizem que caminhar é bom para os pensamentos. Desde o tempo dos filósofos gregos, muitos escritores e cientistas (médicos) descobriram uma conexão profunda, intuitiva entre caminhar, pensar e escrever. Segundo os médicos, a caminhada aumenta o nível de oxigenação no organismo. Cerca de 20% do sangue que circula no nosso corpo são injetados diretamente no cérebro. A atividade estimula o cerebelo, a parte do cérebro que controla a coordenação motora. Se a atividade for feita ao ar livre é melhor ainda. Isso porque apreciar paisagens ativa o lobo occipital, que processa a informação visual, estimula os neurônios que ajudam a fixar a memória e beneficia a parte auditiva.

Sendo assim, comecei a pensar nas diferenças entre as pessoas da cidade ( no caso, Belo Horizonte) e as de cidade do interior ( região rural, mais especificamente a cidade que cresci, Martins Soares) enquanto caminhava hoje de manhã. Enquanto cresci e estudei no interior a comida ainda era como a nossa comida de raiz, feita no fogão a lenha na maioria das vezes e com ingredientes da horta. Agora, depois de 13 anos morando em BH vejo as pessoas daqui querendo cada vez mais os produtos da feira e sacolão já prontos para consumo, verduras e legumes já picados (couve, abóbora, quiabo, mix de legumes, salsinha, cebolinha...), saladas já prontas (geralmente com folhas, frutas, tomate, ovo de codorna, pimentões, cenoura), frutas já descascadas (abacaxi, melancia, melão, mexerica, coco, mamão...), tudo sempre muito bem embalado em plástico (sendo irônica, pois ignoramos a embalagem natural dos alimentos, geralmente, sua casca e folhas, que além de ser natural também é alimento para nós). Quando não compram alimentos assim se recusam a comprar uma fruta mais madura, fora do cacho, uma verdura começando a murchar , fazendo essa seleção acreditam que estejam comprando produtos melhores, mas na verdade nas duas formas de consumo geram desperdício de comida e lixo (embalagens plásticas e isopor).

Enquanto isso na minha região a maioria das pessoas abandonaram o fogão a lenha e a horta, preferem ir no mercado e comprar tudo, até aquilo que cresceria tão facilmente no seu quintal. O cimento tomou conta de muitos quintais e terreiros e cultivar uma horta se tornou perda de tempo se no mercado abastecido pelos grandes centros de abastecimento tem tudo (CEASA). As crianças vão perdendo a essência da cultura alimentar e histórica. As escolas rurais não tem mais hortas, refletindo a casa das crianças.

Os dois tipos de pessoas ignoram o poder da Terra, e assim ignoram a si mesmos, pois não somos feitos da Terra?

O da cidade vai se distanciando do alimento in natura, desvaloriza o produto e quem produz. Um dos maiores geradores de desperdício de comida.

O do interior desperdiça oportunidades, desvaloriza seu trabalho, e tenta ser como o da cidade como se fosse exemplo a ser seguido.

Talvez ignorância por nós mesmos explique um pouco das nossas doenças, fome, pobreza, guerras, declínio mental e físico de todos.

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