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Agricultura familiar

  • Foto do escritor: Damaris Schabuder
    Damaris Schabuder
  • 30 de abr. de 2019
  • 2 min de leitura

O conceito da gastronomia está na relação entre ciência e arte culinária, o desafio concreto de buscar a alimentação e nutrição, mas, antes destas perspectivas, a relação do sujeito com o alimento e sua história faz da gastronomia um conceito vivo e cotidiano. Porém, a Gastronomia não pode se desenvolver como política pública isoladamente. É necessário o diálogo com os planos estaduais que dialogam diretamente com o desenvolvimento agrário, poderia se destacar o Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS) e a Política de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (PESANS). É necessário que esta discussão seja integrada para que se fortaleça, antes de outras questões, um estado como Minas Gerais, que, culturalmente, se identifica com sabores e diversidade alimentar e a relação política do alimento, pois, de acordo com PETRINI, comer é um ato político.

Por sua vez, a escolha não é só do consumidor, mas também de como o estado entende a relação agrária e a produção deste alimento. Segundo o Perfil da Agricultura Familiar, baseado nos dados do Censo Agropecuário de 2006, Minas Gerais, além de ter a segunda maior população rural do país, tem setenta e nove por cento dos seus estabelecimentos rurais de agricultores familiares. Estes agricultores representam uma diversidade de produção, desde a mandioca até laticínios e hortifrutigranjeiros. Os agricultores familiares estão, em sua formação cultural, integrados em suas crenças, valores morais e religiosos. São povos indígenas, comunidades quilombolas, vazanteiros, geraizeiros, caatingueiros, apanhadores de flores-vivas, entre outras atividades produtivas e integrados à dinâmica viva do território. Outro aspecto importante é que, apesar de serem quase oitenta por cento dos estabelecimentos, estes estão concentrados em menos de trinta por cento de área total. O gráfico abaixo exemplifica a relação estabelecimento versus espaço geográfico que traz à cena pública uma preocupação nas características e no conceito de desenvolvimento agrário que, por sua vez, pode modificar a relação gastronômica de Minas Gerais.

O ato alimentar deve ser encarado como política pública desde sua produção até o consumo. As relações educativas e comunicativas referentes à escolha dos alimentos, à valorização de produtos, como o Queijo Minas Artesanal, o movimento SlowFood Brasil entende que este desenvolvimento passa por ciclos de desenvolvimento (social, produtivo e econômico). O que se pensa como agrário possibilita trazer ao estado uma condição ímpar de sua história, pensar estes ciclos conjuntos e não isolados, como é visível em diversas políticas públicas. O avanço dos marcos regulatórios, o alinhamento conceitual e o ordenamento político e administrativo podem possibilitar à gastronomia um eixo de desenvolvimento agrário, sendo este um dos mais importantes eixos para o desenvolvimento da agricultura familiar no estado de Minas Gerais. Não se divide a vida das pessoas; as agricultoras e agricultores familiares precisam de uma gestão pública que compreenda que suas demandas não advêm apenas de fomento e crédito rural, mas de um profundo diálogo sobre as vivências e relações do campo a fim de garantir a cidadania e o saber popular.

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